De antemão, não estamos dizendo que uma guerra na Itália é iminente, certo?
No entanto, não podemos ignorar o cenário de conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Principalmente porque recebemos muitas perguntas de cidadãos italianos preocupados. E não é pra menos, não é mesmo?
Assim, para acalmá-los, viemos aqui esclarecer algumas questões. E garantimos que você vai terminar esse post sabendo o necessário sobre o assunto. Vamos lá?
As Forças Armadas da Itália
Para começar, as Forças Armadas Italianas possuem cinco subdivisões: Aeronautica Militare, Arma dos Carabineiros, Guarda de Finanças, Exército Italiano e Marina Militare.
Aeronautica Militare
É a Força Aérea da República da Itália, fundada como um ramo independente das Forças Armadas em 1923.
Possui um efetivo de aproximadamente 41.100 militares e 716 aeronaves.
Do latim, o Lema deste ramo é: “Virtude Siderum Tenus”, “Com Bravura para as Estrelas”.
Arma dei Carabinieri
A Arma dei Carabinieri é uma força de segurança italiana. Suas competências são: defesa nacional, polícia militar, segurança pública e polícia judiciária.
Foi criada em 1814 e possui o lema, do latim, “Nei Secoli Fedele”, “Fiel através dos séculos”.
Guardia di Finanza
Trata-se de uma polícia especial italiana, subordinada ao Ministro de Economia e das Finanças.
Suas atribuições e competências são: defesa nacional de fronteiras, polícia ostensiva, segurança pública, polícia judiciária, contraterrorismo, polícia de alfândegas e de fronteiras, antidroga, polícia econômica financeira
A Guardia di Finanza possui mais de 600 barcos e navios, mais de 100 aeronaves e aproximadamente 68mil policiais.
Esercito Italiano
Na sequência, o Esercito Italiano é a força de defesa terrestre das Forças Armadas da Itália.
Foi criado em 1861 e em 2018 contava com um efetivo de 99.950 militares, o maior entre os ramos das Forças Armadas.
Possui como lema, do latim, “Salus Rei Publicae Suprema Lex Esto”, “A defesa da república deve ser a lei suprema”.
Marina Militare
Por fim, a Marina Militare é o ramo responsável pela defesa dos mares da Itália. Em 2018 possuía um efetivo de aproximadamente 30.000 militares, 184 navios e 70 aviões.
Foi criada em 18 de junho de 1946, com o lema da latim, “Patria e Onore”, “Pátria e Honra”.
Juntas, estas forças ocupam hoje a 12ª posição no índice de poder militar. Tal posicionamento demonstra o grande investimento italiano na defesa do país.
Sabemos que no Brasil o alistamento militar ainda é obrigatório para os homens a partir dos 18 anos.
Contudo, a Itália abandonou esta obrigatoriedade já em 2005, tornando o alistamento militar totalmente voluntário.
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E se a Itália entrar em guerra?
Antes de mais nada, a Itália participa hoje de diversas missões ao redor do mundo. E apesar disso, o país não realiza qualquer convocação de militares de reserva. E muito menos de civis!
Dessa forma, o fato de a Itália ingressar em um novo conflito não é uma novidade para as Forças Armadas nacionais. Lembrem-se, o país já está participando de muitas guerras a anos!
De todo modo, a ação das Forças Armadas não prejudica em nada a vida no país. Tudo segue normalmente.
Além disso, pessoas não alistadas voluntariamente para o serviço militar italiano não são convocadas.
No que a guerra entre Rússia e Ucrânia afeta a Itália?
Nota-se que o conflito no leste europeu tem deixado todos os países em estado de alerta.
No entanto, na prática a guerra está concentrada apenas nos países envolvidos. Dessa forma, nos outros lugares a vida segue razoavelmente normal.
Embora essa seja a realidade, especialistas dizem que o boicote à Rússia pode prejudicar os países do continente.
Isso porque boa parte da Europa consome o gás da Rússia. Logo, em caso de o país “fechar as torneiras”, a situação no inverno seria caótica.
De todo modo, quanto ao tema do gás, a Itália já vem desde o início dos conflitos estudando e implementando saídas alternativas para que o país não permaneça totalmente dependente da Rússia.
Mas então, cidadãos italianos podem ser convocados para uma guerra envolvendo a Itália?
Acalmem-se, italianos! Acima de tudo, o alistamento militar italiano é voluntário, como falamos no início deste artigo.
Assim, caso você tenha interesse no alistamento, você terá que submeter o pedido às Forças Armadas. Feito isso, basta aguardar o aceite.
Contudo, este cenário vale para quando a Itália participa de guerras em outros territórios, entendido? Mas existem excessões.
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E se acontecer uma guerra na Itália?
Ressalta-se que a Itália só pode chamar seus homens a “pegar em armas” caso o seu território seja invadido.
Mais precisamente, a Constituição Italiana, em seu artigo 11, determina o seguinte:
l’Italia non può mai ricorrere a un intervento bellico per offendere la libertà degli altri popoli, o come mezzo di risoluzione dei conflitti.
A Itália nunca pode recorrer à intervenção militar para ofender a liberdade de outros povos, ou como meio de resolução de conflitos.
Dessa forma, não existe a possibilidade de uma convocação para qualquer conflito fora do território italiano.
Em outros termos, os homens podem ser convocados apenas quando for necessário defender o país de uma ameaça externa.
Quem poderia ser chamado para a guerra na Itália?
Hipoteticamente, em caso de uma invasão ao território italiano, o primeiro passo seria a reintrodução da obrigatoriedade do serviço militar.
Para isso, seria necessária a aprovação do “ripristino dell’obbligo di leva”, que trata justamente do alistamento militar obrigatório.
Isso teria de acontecer por meio de decreto do Presidente da República, com prévia deliberação do Conselho de Ministros.
Dessa forma, reintroduzida a obrigatoriedade, algumas convocações poderiam acontecer.
As convocações poderiam ser feitas caso a quantidade de pessoal em serviço fosse insuficiente. Além disso, as chamadas seriam direcionadas a todos aqueles que serviram as Forças Armadas nos últimos 5 anos.
Logo, é praticamente nula a possibilidade de um civil ser chamado para servir nas Forças Armadas. A não ser que este tenha sido militar na Itália em algum momento.
E ainda bem, não é mesmo? Imaginem pessoas que nunca tiveram treinamento militar serem colocadas em combate repentinamente! Os resultados não seriam bons, por certo.
Assim sendo, se você é cidadão italiano, mas não serviu às Forças Armadas italianas, pode respirar aliviado.
Da mesma forma, se você quer o reconhecimento de sua cidadania italiana, pode ficar tranquilo. Você não será convocado para uma guerra na Itália! Apenas se quiser, é claro.